Dias atrás, uma vizinha soltou esta: ‘se eu me aposentar, morro!’

 

Mas que coisa mais louca, vizinha! Aposentadoria não é uma sentença de morte, minha senhora! Pode ser o início de uma nova etapa; pode ser produtiva e muito feliz. Acomodar-se é que poderá ser uma preocupação: pegar amor às pantufas!

 

Enquanto alguns ficam felizes com a chegada da sua aposentadoria, outros entram em conflito: e agora… O que vou fazer? O ser humano é muito complicado: quando está trabalhando, diz estar se matando, que não vê a hora de aposentar-se; quando se aposenta reclama do que fazer. Aí entra em depressão e a coisa fica complicada. Pô, companheiro, assim fica difícil!

 

Presumo que para alguns esta seja uma etapa problemática: é o fim de um período que foi muito produtivo, que se iniciou quando o indivíduo era jovem, saudável e idealista. Para muitos, aposentadoria significa dependurar as chuteiras, tornar-se inútil. E junto vem uma melancolia e uma inquietação.

 

Vejo muitas pessoas caminharem pelas calçadas, com o passo já travado, sem sonhos e sem perspectivas. A vida do aposentado torna-se triste quando o indivíduo fez do trabalho o centro de sua vida. Acabou uma etapa? Bola pra frente: existem mil atividades. Uma delas é manter-se saudável. Esquecer da palavra Idoso, Melhor idade, Terceira idade, Feliz Idade… Credo.

 

Esses rótulos não servem pra nada. Está na hora de esquecermos destas palavrinhas pejorativas e enganosas, na tentativa de se acreditar numa eterna jovialidade. Quanta futilidade; parece que a criatura está aos frangalhos e ganha uma medalha de consolação: feliz idade!! Ora, e há uma idade para sermos felizes? Então o por que esse rótulo?

 

Já viramos o século e a mentalidade continua a mesma… O mundo está cheio de aposentados que estão ótimos, a não ser que o cara esteja chegando de uma guerra, todo estropiado e já pedindo água pelo caminho. Mas hoje com essa turma em academias, namorando, estudando, produzindo ou investindo no seu bem-estar? Como diz a garotada, o tio aí tá inteiro!

 

É difícil saber a idade que determina quando alguém se torna velho: depende de sua genética. Os radicais livres – que são as toxinas nocivas à nossa saúde – é que determinarão o grau e a velocidade do nosso envelhecimento. Somos diferenciados: há pessoas com setenta, oitenta anos que estão muito bem, e outras com cinquenta já estão no freio de mão.

 

O Brasil não é mais um país de jovens, e graças a Deus. Isso prova que estamos vivendo mais. Milhares de aposentados estão trabalhando em outras empresas justamente pela sua experiência. Experiência não se encontra em jovens; neles encontramos disposição, saúde, sonhos, vontade de aprender e abraçar o mundo, o que é muito positivo. É bom poder ver pessoas de todas as idades trabalhando lado a lado. E estamos começando a ver isso aqui no Brasil; está faltando mão de obra especializada.

 

Está mais do que na hora do país adequar-se aos novos tempos. Ninguém tem o direito de tornar alguém incapaz, enquadrando-o num estado de ócio e de improdutivo porque seus cabelos estão mais brancos, sua pele não é aveludada e seus movimentos estão mais lerdos.

 

A vida tem etapas: a felicidade não está em números.

Fonte: Tais Luso de Carvalho