Litertura

Soneto do amigo

Enfim, depois de tanto erro passado  Tantas retaliações, tanto perigo Eis que ressurge noutro o velho amigo Nunca perdido, sempre reencontrado. É bom sentá-lo novamente ao lado Com olhos que contêm o olhar antigo Sempre comigo um pouco atribulado E como sempre singular comigo. Um bicho igual a mim, simples e humano Sabendo se mover e comover E a disfarçar com o meu próprio engano. O amigo: um ser que a vida não explicaQue só se vai ao ver outro nascerE o espelho de minha alma multiplica… Fonte: Vinicius de Moraes

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Bem no fundo

No fundo, no fundo,bem lá no fundo, a gente gostaria de ver nossos problemas resolvidos por decreto a partir desta data, aquela mágoa sem remédio é considerada nula e sobre ela — silêncio perpétuo extinto por lei todo o remorso, maldito seja que olhas pra trás, lá pra trás não há nada, e nada mais mas problemas não se resolvem, problemas têm família grande, e aos domingos saem todos a passear o problema, sua senhora e outros pequenos probleminhas. Fonte: Paulo Leminski

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Crônica sobre a Aposentadoria

Dias atrás, uma vizinha soltou esta: ‘se eu me aposentar, morro!’   Mas que coisa mais louca, vizinha! Aposentadoria não é uma sentença de morte, minha senhora! Pode ser o início de uma nova etapa; pode ser produtiva e muito feliz. Acomodar-se é que poderá ser uma preocupação: pegar amor às pantufas!   Enquanto alguns ficam felizes com a chegada da sua aposentadoria, outros entram em conflito: e agora… O que vou fazer? O ser humano é muito complicado: quando está trabalhando, diz estar se matando, que não vê a hora de aposentar-se; quando se aposenta reclama do que fazer. Aí

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O Escritório

Autor: Whisner Fraga De algumas histórias, apreendemos somente a metade ou menos ainda, apenas flashes, trechos que nos interessam. Perdemos a noção do resto, não temos ideia de onde queriam chegar com a narrativa. A trama está truncada em nossa cabeça. Tenho um arsenal de excertos em minha memória e ora o utilizo em alguns contos, ora o abandono, esperando um roteiro em que se encaixe. Vários destes episódios tiveram origem nas rodas familiares, nas noites de domingos modorrentos em que visitávamos meu avô ou em um fio de conversa que os adultos deixavam escapar até nossos ouvidos. Uma dessas passagens,

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Saudade de Mãe

Autor: Pe. Fábio de Melo   https://www.youtube.com/watch?v=WXPPQdBmYVs   Saudade de Mãe… Coloquei o filtro da arte naquela cena comum e a luz que até então estava escondida veio surpreender-me com seu poder de claridade. A mulher simples, mãos calejadas de lida rotineira, mulher que aprendeu a curar as dores do mundo a partir dos meus joelhos esfolados de quedas e estripulias.   Aquela mulher, minha mãe, rosto iluminado por uma labareda que tinha origem no fogão de lenha trazia consigo o dom de me devolver a calma que a vida tantas vezes insistiu em me roubar.   Aquela cena, mulher, fogão

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