Autor: Pe. Fábio de Melo
https://www.youtube.com/watch?v=WXPPQdBmYVs
Coloquei o filtro da arte naquela cena comum
e a luz que até então estava escondida
veio surpreender-me com seu poder de claridade.
A mulher simples, mãos calejadas de lida rotineira,
mulher que aprendeu a curar as dores do mundo
a partir dos meus joelhos esfolados de quedas e estripulias.
Aquela mulher, minha mãe,
rosto iluminado por uma labareda que tinha origem no fogão de lenha
trazia consigo o dom de me devolver a calma
que a vida tantas vezes insistiu em me roubar.
Aquela cena, mulher, fogão de lenha,
panela preta, escondendo a brancura de um arroz feito na hora
é uma das cenas mais preciosas
que meu coração não soube esquecer.
Saudade de mãe é coisa sem jeito.
Chega quando menos imaginamos:
um cheiro, uma melodia, uma palavra, uma imagem
e eis que o cordão do tempo nos convida ao retorno à infância,
como se um fio nos costurasse de novo ao colo da mulher
que primeiro nos segurou na vida
e agora pudesse nos regenerar.
Saudade de mãe é ponte que nos favorece um retorno a nós mesmos.
Travessia que nos recorda uma identidade muitas vezes esquecida,
perdida na pressa que nos leva.
Saudade de mãe é devolução,
é ato que restitui o que se parte,
é luz que sinaliza o local do porto,
é voz no ouvido a nos acalmar
nas madrugadas de desespero e solidão
através de uma frase simples:
“dorme meu filho, dorme”
Hoje, nesse dia em que a vida me fez criança de novo;
neste instante em que esta cena feliz tomou conta de mim,
uma única palavra eu quero dizer
Oh, minha mãe… que saudade eu sinto de você!
(Pe. Fábio de Melo)
Fonte: http://padrefabiodemeloanjodeluz.blogspot.com.br/2008/08/saudade-de-me.html